quinta-feira, 26 de março de 2020

Livros em português

Olá, olá!
Sabes que faz hoje 533 que se imprimiu o primeiro livro em Portugal?
Embora não se saiba, exatamente, qual foi o primeiro livro realmente publicado em língua portuguesa, consta que o primeiro livro impresso em Portugal, na língua que falamos, foi produzido em Chaves, uma pequena cidade no norte de Portugal, em 1488, talvez tenha sido “O Sacramental”. 
Chaves era, na altura, um centro cultural de relevo por ser uma cidade por onde passavam muitos dos peregrinos que faziam o Caminho de Santiago. Chaves possuía, também, uma escola de cirurgia (uma das primeiras de Portugal), o que atesta a dimensão e a importância desta pequena cidade transmontana.
A impressora inventada por Gutemberg trouxe o surgimento da técnica conhecida como “tipografia”. O primeiro livro impresso tipograficamente foi a Bíblia, em latim.
Em Portugal, a novidade chegou no início do reinado de D. João II, que governou o país de 1481 até sua morte em 1495.
Sabe-se que o seu autor era um padre de Léon (Espanha), Clemente Sánchez de Vercial, que viveu entre o século XIV e o XV e que escreveu várias obras religiosas e moralizantes. O seu Sacramental foi um dos livros mais lidos durante o século XV, tendo sido proibido pela Inquisição no século XVI e, consequentemente, queimado. Teve várias edições impressas em língua castelhana e portuguesa.
O Sacramental é um depositário da forma como deve viver o homem medieval, tratando a alimentação, as relações familiares, as relações sociais, a relação com Deus, o trabalho, o descanso, a saúde, a doença e a sexualidade, o que faz dele um documento indispensável para o estudo da sociedade medieval portuguesa.

Assim começa o livro:
«E por quanto por nossos pecados no tempo de agora muitos sacerdotes que hão curas de almas não somente são ignorantes para instruir e ensinar a fé e crença e as outras cousas que pertencem à nossa salvação, mas ainda não sabem o que todo bom cristão deve saber nem são instruídos nem ensinados em a fé cristã segundo deviam, e o que é mais perigoso e danoso, alguns não sabem nem entendem as Escrituras que cada dia hão-de ler e trautar.
E porende, eu Clemente Sánchez de Vercial, bacharel em leis, arcediago de Valdeiras em a igreja de León, ainda que pecador e indigno, propus de trabalhar de fazer uma breve compilação das cousas que necessárias são aos sacerdotes que hão curas de almas, confiando da misericórdia de Deus.»

Sem comentários:

Enviar um comentário