Olá, olá!
Sabes
que faz hoje 533 que se imprimiu o primeiro livro em Portugal?
Embora não se saiba, exatamente, qual foi o primeiro livro realmente
publicado em língua portuguesa, consta que o primeiro livro impresso em
Portugal, na língua que falamos, foi produzido em Chaves, uma pequena cidade no
norte de Portugal, em 1488, talvez tenha sido “O Sacramental”.
Chaves era, na altura, um centro cultural de relevo por ser uma
cidade por onde passavam muitos dos peregrinos que faziam o Caminho de Santiago.
Chaves possuía, também, uma escola de cirurgia (uma das primeiras de Portugal),
o que atesta a dimensão e a importância desta pequena cidade transmontana.
A impressora inventada por Gutemberg trouxe o surgimento da
técnica conhecida como “tipografia”. O primeiro livro impresso tipograficamente
foi a Bíblia, em latim.
Em Portugal, a novidade chegou no início do reinado de D. João II,
que governou o país de 1481 até sua morte em 1495.
Sabe-se que o seu autor era um padre de Léon (Espanha), Clemente
Sánchez de Vercial, que viveu entre o século XIV e o XV e que escreveu várias
obras religiosas e moralizantes. O seu Sacramental foi um dos livros mais lidos
durante o século XV, tendo sido proibido pela Inquisição no século XVI e,
consequentemente, queimado. Teve várias edições impressas em língua castelhana
e portuguesa.
O Sacramental é um depositário da forma como deve viver o
homem medieval, tratando a alimentação, as relações familiares, as relações
sociais, a relação com Deus, o trabalho, o descanso, a saúde, a doença e a
sexualidade, o que faz dele um documento indispensável para o estudo da
sociedade medieval portuguesa.
Assim começa o livro:
«E por quanto por nossos
pecados no tempo de agora muitos sacerdotes que hão curas de almas não somente são
ignorantes para instruir e ensinar a fé e crença e as outras cousas que
pertencem à nossa salvação, mas ainda não sabem o que todo bom cristão deve
saber nem são instruídos nem ensinados em a fé cristã segundo deviam, e o que é
mais perigoso e danoso, alguns não sabem nem entendem as Escrituras que cada
dia hão-de ler e trautar.
E porende, eu Clemente Sánchez
de Vercial, bacharel em leis, arcediago de Valdeiras em a igreja de León, ainda
que pecador e indigno, propus de trabalhar de fazer uma breve compilação das
cousas que necessárias são aos sacerdotes que hão curas de almas, confiando da
misericórdia de Deus.»
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