Em resposta a este desafio, a biblioteca Isabel Alçada criou um espaço de leitura com livros e textos relacionados com a Paz. Estes livros, textos e poemas estiveram à disposição dos alunos que frequentaram a biblioteca e que livremente fizeram as suas leituras em silêncio ou em voz alta em partilha com outros colegas.
Durante a semana que decorreu de 24 a 28 de outubro, dois alunos de cada turma dos 2º e 3º ciclos vieram à biblioteca escolar escolher um destes textos e foram lê-los em voz alta nas aulas de Português, dando depois lugar a uma partilha de pensamentos e compromissos para preservar a paz e harmonia globais.
Aqui ficam dois dos poemas:
Todas as crianças da Terra
Um capacete de guerra tem um ar carrancudo
Muito mais bela é uma flor
Uma flor tem tudo
para falar de paz e de amor.
Mas se virarmos o capacete de guerra
ele será um vaso, e é bem capaz
de ter uma flor num pouco de terra
e falar de amor e de paz.
A paz é uma pomba que voa.
É um casal de namorados,
São os pardais de Lisboa
que fazem ninho nos telhados.
E é o riacho de mansinho
que saltita nas pedras morenas
e toda a calma do caminho
com árvores altas e serenas.
A paz é o livro que ensina.
É uma vela em alto mar
e é o cabelo dá menina
que o vento conseguiu soltar.
E é o trabalho, o pão, a mesa,
a seara de trigo, ou de milho,
e perto da lâmpada acesa
a mãe que embala o seu filho.
A paz é quando um canhão
muito feio e de poucas falas
sente bater um coração
e dispara cravos, em vez de balas.
E é o braço que dás
no dia em que tu partires,
e as gotas de chuvas da paz
no balanço do arco-íris.
É luar de lua cheia
tocando as casas e a rua,
são conchas, búzios na areia,
a paz é minha e é tua.
É o povo todo unido
no mundo, de norte a sul,
e é um balão colorido
subindo no céu azul.
A paz é o oposto da guerra,
é o sol, são as madrugadas,
e todas as crianças da terra
de mãos dadas, de mãos dadas,
de mãos dadas.
Sidónio
Muralha
Ode à Paz
Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!
Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)"
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